terça-feira, 28 de outubro de 2014

Aos mestres, com carinho!


"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino." - Paulo Freire


To Sir, with Love (1967)
Recentemente foi Dia do Professor,  essa pessoa tão importante na nossa formação, que pode com suas palavras, seu conhecimento e sua paciência, sua paixão nos envolver com o fascinante desbravar no mundo do saber.

A profissão das profissões, pois não existirão -- ao menos pelos processos vigentes até o momento -- engenheiros, médicos, filólogos, matemáticos, físicos, químicos e professores, sem que eles tenham sido ensinados e formados, cumprindo sua jornada em cada fase do ensino.

Seu papel é essencial para o sucesso de seus pupilos, não só do ponto de vista do saber, quanto da formação da sua auto-estima. É na tenra idade que começamos construir este tijolos do caráter e onde os estímulos e reforços necessários para o desenvolvimento, especialmente dos pequeninos, é fundamental.

O professor, tem o poder de influenciar e transformar vidas, de forma positiva ou negativa. Assim, reforçar as vocações e inspirar é mister.
Ana Lins dos Guimarães P. Bretas, Cora Coralina
Muitos podem ser professores, dentre eles, também muitos  podem ser verdadeiros mestres, quando dão vazão a paixão pelo ensinar e pelo fazer aprender, causando impacto e fazendo a diferença.

Desafortunadamente esta posição tão importante para o desenvolvimento da Nação, não tem tido o seu valor reconhecido. E não falo das instituições públicas ou privadas, que precisam rever suas políticas, mas principalmente da sociedade como todo. Ser Professor tem se tornado algo que as pessoas fazem acessoriamente, ao invés de principalmente. Deixou de ser profissão, muitas   vezes, para se tornar "hobby".  Mas, para mim, sempre será mais que um cargo, mas vocação e dedicação. E  há muito com o que se dedicar nestes tempos!

Na minha opinião todo o processo de ensino precisa ser transformado em um processo de aprendizagem. O papel do Professor será cada vez mais importante e mais impactante, mas talvez cada vez menos nas salas de aula. Cito o exemplo de  Salman Amin "Sal" Khan da Khan Academy, que começou a ensinar seus sobrinhos pelo YouTube e se tornou professor de milhões de pessoas, e passou a trabalhar com iniciativas de aprendizagem onde os alunos estudam pelo YouTube e fazem lição de casa em sala de aula.

Paulo Reglus Neves Freire
Ao Google, que nos mostrou que temos um papel mais importante, que simplesmente buscar respostas: fazer perguntas! Iniciativas como as do cientista educacional Sugata Mitra, utilizando computadores conectados à internet (o Alta Vista era o buscador do momento), as crianças aprenderam não só a utilizar o computador, como também o inglês etc.

Porém, os Mestres sempre souberam que o aprendizado é algo que acontece do lado de dentro. Portanto o ensino é apensar um convite para o aprendizado mútuo, entre Professor e Aluno, desfrutando das oportunidades que as interações humanas criam.

Aos Mestres, todo o meu respeito e carinho!



segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Bola de meia, bola de gude

"Há um menino
 Há um moleque
 Morando sempre no meu coração
 Toda vez que o adulto fraqueja
 Ele vem pra me dar a mão"

Este é um trecho da canção de Milton Nascimento, que por muitas razões, tem muito signficado para mim. Achei-a oportuna para o tema deste post, que começou a ser pensando pouco antes do Dia das Crianças, mas não terminada, pois passei grande parte deste dia brincando com meu filho menor. 
 
Tudo isso me fez pensar em educação, a partir da mais tenra idade.

Mas o que essa canção tem haver com educação? Para mim, as seguintes coisas:
1) O que estamos fazendo com nossas crianças?
Será que estamos criando futuros adultos integrados, que podem ter seu adulto andando de mãos dadas com sua criança interior e vice-versa? 

2) Estamos desenvolvendo os valores que queremos viver (no presente) no futuro para a sociedade?
E não estou falando exclusivamente de escolas, neste caso, mas das mais relevantes aulas de caráter, que acontecem em casa através do comportamento dos pais -- chama-se isso de exemplo --, como também pelo que se deixa entrar em casa. Fala-se dos nossos governantes, mas em uma cultura onde: enganar e levar vantagem é ser esperto e ser honesto é ser idiota, o que se pode esperar de nossos eleitos? Eles são feitos da mesma gente. Estamos mudando isso?

3) Estamos ensinando conteúdo ou a aprenderem ainda mais?
Dizem que nascemos tão curiosos e tão ávidos por aprender, que podemos viver uma vida inteira e ainda teremos coisas a aprender e descobrir. E por que "estudar" e  "pesquisar" -- graças ao Google essa palavra já foi re-significada -- ainda são coisas tratadas como chatas e desinteressantes? Existem estudos que crianças antes de entrarem na escola têm grande interesse em ciências, história, idiomas e matemática, que depois que começam a estudar de forma regular. De acordo com um estudioso do assunto, nosso (ele se refere aos EUA) sistema educacional é muito eficiente em tornar o aprendizado extremamente chato.

4) Estamos ensinando-os a fazerem mais perguntas e a questionar o mundo, ou a simplesmente darem respostas?
Passamos grande parte de nossas vidas nos orientando a dar respostas, especialmente "a resposta certa" -- são treinadas, orientadas e estimuladas a isso. Porém na vida, no dia a dia, onde os elementos da solução do problema não estão necessariamente no seu enunciado, o que acontece?  Será que se tornarão adultos com altos índices de ansiedade e com problemas de auto-estima? Passeie pelas livrarias e pergunte aos psicólogos, para ter esta resposta. Por outro lado, parece que se tornar adulto é parar de perguntar o porquê das coisas, aumentando o desinteresse pelo entendimento do que acontece ao redor.

5) Estamos criando um ambiente realmente interessante e divertido para aprender? Essa eu nem vou responder...

Estamos demasiadamente ocupados com nossas bruxas! Assustados e temerosos, corremos de seus feitiços e entramos em uma ciranda negativa. Aceleramos os processos e procuramos tornar os nossos pequeninos em pequenos adultos, para que eles possam correr de suas bruxas, também.

Que possamos aprender com as crianças a criar um ambiente de aprendizado e compartilhamento, estimulante e divertido, antes que seja tarde... demais.

Feliz Dia das Crianças (atrasado).


domingo, 5 de outubro de 2014

O que as universidades e o cinema têm em comum

Por que muita gente quer estudar em Harvard, Stanford, Yale etc?

Se fôssemos categorizar as respostas, é bem provável que teríamos uma lista onde qualidade do ensino e empregabilidade ou rendimentos pós a formação estariam presentes. Stanford, por exemplo, foi eleita a quarta melhor universidade do mundo.

Eu costumo dizer que muitos querem estudar nestas instituições de ensino, porque alguns (ou muitos) de seus ex-alunos se tornaram pessoas relevantes em seus segmentos, para sociedade e até para a humanidade, além de muitos estarem em posições importantes em organizações importantes também "bacanas" -- quando não são os criadores destas empresas. Mas, além de falar, tive a oportunidade de entender isso na pele, em abril de 2.013, quando fazia uma viagem entre São Francisco e San Diego e errando o caminho -- hoje digo que acertei -- passei em Stanford e fiquei extremamente empolgado de simplesmente estar passando em frente desta relevante instituição.

E pensei: Será que se eu descer e comer um pouco dessa grama, algo acontece? O que de especial há nesse lugar? E isso me remeteu, novamente, a questão do início deste post e que começo a responder.



Da mesma forma que esta célebre frase de Oscar Wilde traduz um pouco da relação das nossas vidas com a arte, costumo dizer que as instituições de ensino como o cinema vivem de histórias, porém não das de ficção, mas das de sucesso de seus alunos.  Histórias de sucesso do presente e, principalmente, do futuro, do período pós-formação.

Propositalmente não quis citar nenhuma instituição brasileira para não causar qualquer tipo de polêmica. Porém não faz muito muito tempo, estive em uma formatura de uma reconhecida universidade pública e o orador da turma, em seu discurso, ironizava sobre o orgulho dos pais dos alunos ao dizerem que seus filhos estudavam na determinada instituição, dada a realidade em que ele realmente ele estudava. 

Fiquei pasmo quando conversei pasmo, quando eu falava exatamente sobre o assunto deste post, e a pessoa com quem eu falava havia sido aluno de Harvard, e me disse:  "O que gostei muito lá foram as pessoas que conheci e diversidade de pessoas do mundo que encontrei." Note que não foram os professores e nem o conteúdo! 

Porém, pergunto, que instituição de ensino brasileira trabalha para identificar os alunos com maior probalidade de êxito futuro? Qual grupo de alunos vai dizer, com orgulho, que estudou lá ou acolá?   


Que universidade, ou escola, que identificam o valor do seu aluno, não só financeiro, mas de retorno futuro? E quais estimulam seu crescimento? Pois quanto mais este aluno valer para si, para o mercado, de maior valor será no presente e no futuro para a própria instituição de ensino.

E suas melhores memórias sobre as escolas e universidades que vocês passou, são sobre o quê? Sua instituição está trabalhando para fazer parte das lembranças dos seus alunos?

"O Captain! my captain!" é hora de colocar o aluno como protagonista de seu processo de aprendizagem, identificar o seu valor, entregar-lhes o melhor cenário e "carpe diem"!