segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Bola de meia, bola de gude

"Há um menino
 Há um moleque
 Morando sempre no meu coração
 Toda vez que o adulto fraqueja
 Ele vem pra me dar a mão"

Este é um trecho da canção de Milton Nascimento, que por muitas razões, tem muito signficado para mim. Achei-a oportuna para o tema deste post, que começou a ser pensando pouco antes do Dia das Crianças, mas não terminada, pois passei grande parte deste dia brincando com meu filho menor. 
 
Tudo isso me fez pensar em educação, a partir da mais tenra idade.

Mas o que essa canção tem haver com educação? Para mim, as seguintes coisas:
1) O que estamos fazendo com nossas crianças?
Será que estamos criando futuros adultos integrados, que podem ter seu adulto andando de mãos dadas com sua criança interior e vice-versa? 

2) Estamos desenvolvendo os valores que queremos viver (no presente) no futuro para a sociedade?
E não estou falando exclusivamente de escolas, neste caso, mas das mais relevantes aulas de caráter, que acontecem em casa através do comportamento dos pais -- chama-se isso de exemplo --, como também pelo que se deixa entrar em casa. Fala-se dos nossos governantes, mas em uma cultura onde: enganar e levar vantagem é ser esperto e ser honesto é ser idiota, o que se pode esperar de nossos eleitos? Eles são feitos da mesma gente. Estamos mudando isso?

3) Estamos ensinando conteúdo ou a aprenderem ainda mais?
Dizem que nascemos tão curiosos e tão ávidos por aprender, que podemos viver uma vida inteira e ainda teremos coisas a aprender e descobrir. E por que "estudar" e  "pesquisar" -- graças ao Google essa palavra já foi re-significada -- ainda são coisas tratadas como chatas e desinteressantes? Existem estudos que crianças antes de entrarem na escola têm grande interesse em ciências, história, idiomas e matemática, que depois que começam a estudar de forma regular. De acordo com um estudioso do assunto, nosso (ele se refere aos EUA) sistema educacional é muito eficiente em tornar o aprendizado extremamente chato.

4) Estamos ensinando-os a fazerem mais perguntas e a questionar o mundo, ou a simplesmente darem respostas?
Passamos grande parte de nossas vidas nos orientando a dar respostas, especialmente "a resposta certa" -- são treinadas, orientadas e estimuladas a isso. Porém na vida, no dia a dia, onde os elementos da solução do problema não estão necessariamente no seu enunciado, o que acontece?  Será que se tornarão adultos com altos índices de ansiedade e com problemas de auto-estima? Passeie pelas livrarias e pergunte aos psicólogos, para ter esta resposta. Por outro lado, parece que se tornar adulto é parar de perguntar o porquê das coisas, aumentando o desinteresse pelo entendimento do que acontece ao redor.

5) Estamos criando um ambiente realmente interessante e divertido para aprender? Essa eu nem vou responder...

Estamos demasiadamente ocupados com nossas bruxas! Assustados e temerosos, corremos de seus feitiços e entramos em uma ciranda negativa. Aceleramos os processos e procuramos tornar os nossos pequeninos em pequenos adultos, para que eles possam correr de suas bruxas, também.

Que possamos aprender com as crianças a criar um ambiente de aprendizado e compartilhamento, estimulante e divertido, antes que seja tarde... demais.

Feliz Dia das Crianças (atrasado).


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